Medo da morte

Você tem medo da morte? Existem pessoas que têm verdadeiro pavor da morte e os motivos são vários: a causa do falecimento; se haverá dor ou não; a incerteza sobre o que há depois do túmulo; a separação dos familiares e amigos que continuarão na Terra; o receio de rever aqueles que partiram antes; o horror das penas eternas e o pânico do tormento perpetrado por seres diabólicos. Esses são apenas alguns motivos que apavoram muita gente quando o tema é a grande viagem.
Entretanto, quando o indivíduo é iniciado em determinado assunto e assim adquire conhecimento sobre algo até então obscuro para si, ele joga luz nas trevas da ignorância e com isso o medo deixa de existir porque, via de regra, o homem tem medo do que não conhece. A partir do momento em que nos tornamos esclarecidos, dispondo de informações verdadeiras, passamos a saber e o saber não deixa espaços nem para descrença e nem para a crença cega, aquela desprovida de razão. Nesse contexto, veremos abaixo o instrutor espiritual Aniceto nos ensinar que o pavor da morte se origina na falta de preparação religiosa.
Um médico da esfera invisível que fazia parte do grupo que trabalhava na casa de dona Isabel, solicitou o auxílio do mentor em um caso singular. Ele, André Luiz e Vicente, foram conduzidos pelo clínico até um necrotério onde “o cadáver de uma jovem, de menos de trinta anos, ali jazia gelado e rígido, tendo a seu lado uma entidade masculina, em atitude de zelo. (…) Parecia recolhida a si mesma, sob forte impressão de terror. Cerrava as pálpebras, deliberadamente, receosa de olhar em torno.”[1] Segundo o facultativo, a pobre moça estava ali há seis horas, paralisada por terrível pavor, mesmo já tendo concluído o processo de desligamento dos laços fisiológicos.
A entidade que estava junto a ela era seu noivo, falecido há algum tempo e que a aguardava carinhosamente no plano espiritual. Ele a chamava sem cessar há seis horas, mas só via nela o terror em função de tudo o que acontecia a sua volta. “A jovem, todavia, cerrava os olhos, demonstrando não querer vê-lo. Notava-se, perfeitamente, que seu organismo espiritual permanecia totalmente desligado do vaso físico, mas a pobrezinha continuava estendida, copiando a posição cadavérica, tomada de infinito horror.”[1] Foi então que Aniceto, compreendendo o que ocorria, chamou sutilmente o comovido rapaz e lhe explicou: “É preciso atendê-la doutro modo. Vejo que a pobrezinha não dormiu no desprendimento e mostra-se amedrontada por falta de preparação espiritual. Não convém que o amigo se apresente a ela já, já… Não obstante o amor que lhe consagra, ela não poderia revê-lo sem terrível comoção, neste instante em que a mente lhe flutua sem rumo. (…) Ausência de preparação religiosa, meu irmão. Ela dormirá, porém, e, tão logo consiga repouso, entregá-la-emos aos seus cuidados. Por enquanto, conserve-se a alguma distância.”[1]
Fazendo-se acompanhar do facultativo que assistiu a moça nos últimos dias, Aniceto se aproximou e a convidou a um tratamento diferente. A jovem perguntou se ele era o novo médico e deu graças a Deus, dizendo que estava em horrível pesadelo no qual o noivo falecido a chamava para o Além. O guia espiritual lhe esclareceu que não há morte e, para tranquilizá-la, confirmou que era o novo facultativo e que lhe aplicaria recursos magnéticos. Era indispensável que ela dormisse e descansasse. André Luiz e Vicente se colocaram em atitude íntima de oração e Aniceto aplicou passes de reconforto que fizeram com que a jovem Cremilda caísse no sono quase instantaneamente.
O instrutor a afastou dos despojos e a entregou ao noivo que, jubiloso e agradecido, volitou carregando “consigo o fardo suave do seu amor.”[1] E para fixar a lição, Aniceto rematou: “Pela bondade natural do coração e pelo espontâneo cultivo da virtude, não precisará ela de provas purgatoriais. É de lamentar, contudo, não se tivesse preparado na educação religiosa dos pensamentos. Em breve, porém, ter-se-á adaptado à vida nova. Os bons não encontram obstáculos insuperáveis. (…) Como veem, a ideia da morte não serve para aliviar, curar ou edificar verdadeiramente. É necessário difundir a ideia da vida vitoriosa. Aliás, o Evangelho já nos ensina, há muitos séculos, que Deus não é Deus de mortos, e, sim, o Pai das criaturas que vivem para sempre.” [1]

Valdir Pedrosa

[1] Os Mensageiros – Pelo Espírito André Luiz, psicografado por
Francisco Cândido Xavier – capítulo 48 (Pavor da morte).

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O trabalho na seara espírita

O vocábulo trabalho tem origem no latim, tripalium. Tal termo era utilizado para designar um instrumento de tortura. Dessa forma, quase sempre, e até hoje, o trabalho é associado ao sofrimento por muitas pessoas. Contudo, o Cristo nos traz o labor como benção divina em favor da nossa redenção. Assim, o serviço, sobretudo, na seara espírita, deve-se pautar no amor e na caridade.
Cabe citar o benfeitor Emmanuel, no livro Pensamento e Vida, psicografia de Francisco Cândido Xavier. No capítulo sete, intitulado Trabalho, Emmanuel nos fala de três tipos: trabalho-obrigação, trabalho-ação e trabalho-serviço. O trabalho-obrigação é o que nos remunera. O trabalho-ação é o que transforma o ambiente. Já o trabalho-serviço é aquele que transforma o homem. Assim, na Seara Espírita devemos nos ater no trabalho-serviço.
No livro de João, capítulo 5, no versículo 17, o apóstolo cita a afirmativa do Governador do nosso Planeta (Jesus): “meu Pai trabalha até hoje, e Eu também”. Daí, podemos concluir quão importante é o labor. Nesse mesmo viés, a Doutrina Espírita nos aponta o trabalho como Lei da Natureza, a qual nos permite o progresso e a evolução: material, espiritual e moral. O progresso material consiste em cumprir os nossos deveres para conosco mesmos, para a família e para a sociedade da qual participamos. O progresso espiritual é realizado através do trabalho em favor do próximo com caridade, humildade e amor, onde a fraternidade possa ser desenvolvida em nossos corações. Já o progresso moral é conquistado por meio da reforma íntima, onde cada um de nós deve trabalhar as nossas mazelas. Essa condição pode ser caracterizada pela fala de Kardec, o codificador da Doutrina Espírita, “reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar as suas más inclinações”.
Em O Livro dos Espíritos na questão 675, Kardec pergunta aos espíritos superiores: “se por trabalho só se devem entender as ocupações materiais?” E eles responderam que trabalho é toda ocupação útil. Constatamos, dessa forma, que os estudos, a difusão da Doutrina Espírita e todas as tarefas desenvolvidas nas Casas Espíritas são ocupações úteis e dignificantes. Contudo, tais Casas, na sua grande maioria, estão carentes de tarefeiros. Analogamente, o evangelista Lucas (Lc 10:2) nos relata as palavras do nosso modelo e guia, Jesus: “Na verdade, a seara é grande, mas os trabalhadores são poucos”. Tal afirmativa há mais de dois mil anos ainda permanece extremamente atual. Pois a necessidade de tarefeiros nas Casas Espíritas é grande, sobretudo, neste momento pandêmico. Ainda assim, muitos não buscam um serviço nas Fraternidades Espíritas por não se acharem capacitados, ou até mesmo por pensarem que as atividades que irão realizar sejam simples demais e por isso não aceitam o serviço disponível. Outros, ainda, ficam aguardando convites pessoais para ingressar nas tarefas. Outros veem dificuldades em alinhar o estudo à tarefa. Mas não podemos esquecer que o trabalho é uma benção transformadora que nos ajuda reformar a nossa intimidade.
É importante frisar que a vida continua e no Plano Maior os trabalhadores da Seara Espírita buscam aprimorar, ainda mais, a evolução e o progresso próprio e coletivo. Há relato do Espírito André Luiz, nos livros Nosso Lar, Os Mensageiros, Ação e Reação, de diversos postos de tarefas onde os Benfeitores nos mostram atividades constantes e exemplos nobres de dedicação ao Bem.
Dessa forma, sem sofrimento, devemos aproveitar a encarnação atual e dedicar ao trabalho-serviço em favor do próximo e da comunidade. Pois, na seara espírita quem abraça uma tarefa é o primeiro a ser beneficiado.

Darci Sabino Filho

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Crescimento Espiritual

Tudo que nos cerca, enquanto espíritos imortais, como nosso corpo físico, nossa ocupação profissional, nossa posição social e econômica, ou até mesmo nosso papel atual dentro da nossa organização familiar (como pais, filhos, avós ou outros), são ferramentas transitórias para o engrandecimento do espírito.
Deus não erra, pois é amor incondicional. Diante desta verdade e tantas outras que não cabem neste texto, será preciso olhar para a nossa existência neste mundo com olhos de quem procura e trabalha para a implantação do Reino de Deus, único caminho para a real felicidade. Aprendemos com Jesus, que o reino de Deus não virá com aparências exteriores, não se localiza, na maioria das vezes, naquilo que nossos olhos físicos enxergam, não está circunscrito em nenhum templo de pedra, em nenhuma conquista material, em títulos acadêmicos, ou até mesmo na falta deles. O reino de Deus, se encontra, na nossa possibilidade diária de servir de instrumento para que nossas possibilidades (intelectuais e materiais) estejam a serviço de nosso próprio crescimento, mas também na construção de um mundo melhor, onde haja espaço para o bem comum.
Somos criaturas de Deus, e esta é a verdade que deve nos orientar nos momentos de dor e alegria. Se assim procedermos, vamos de maneira gradual e progressiva enxergando belas possibilidades, e a cada etapa vencida, deixamos para trás as cascas, as capas, as máscaras, as ilusões que já não nos servem mais. Vamos descortinando uma nova face, mais bela, mais reluzente, mais espelhada com a nossa real identidade divina.
Sabedoria é conduzir nossas vidas e escolhas, aprimorando nosso olhar e sentimentos para além das aparências e dos preconceitos.
Que a cada novo ano, nova escolha, nova etapa, possamos viver renovar nossa gratidão e esperança no futuro, porque ele virá e trará belas oportunidades, esta é a lei.

Mariluce Gelais

Evangelho de Mateus 17:20 – 37
Caminho Verdade e Vida – lição 72 – Transitoriedade.

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Viver é a solução

Quantos de nós já pensou em desistir diante dos diversos descontentamentos que enfrentamos em nossa vida?
Somos Espíritos em evolução, e para ascendermos será necessário o enfretamento de várias provas e em determinados casos, a superação de expiações dolorosas. Como nos alertou Jesus, o seu reino ainda não é deste mundo, mas somente conseguiremos ter a “vida em abundância”, a partir do modo com que soubermos lidar com as diversas dificuldades enfrentadas nesta atual e nas próximas existências terrestres. Desistir de superar estes desafios evolutivos não é uma boa opção.
Ainda somos Espíritos frágeis, e é muito natural que estejamos vulneráveis ao erro, e que, principalmente em nossa personalidade atual, estejamos ainda com o sentimento da “COVARDIA MORAL”, que é a fraqueza de enfrentarmos as decepções, os infortúnios e o descontentamento em relação a nossa vida. Allan Kardec, no cap. V de O Evangelho Segundo o Espiritismo, quando trata o tema do suicídio, nos propõe o desenvolvimento da “CORAGEM MORAL” como um antídoto a essa prática, que irá nos fortalecer, desenvolvendo a calma, a paciência e a resignação para não desistirmos de viver.
Com a tentativa de se livrar de alguma dificuldade, ou situação de extrema aflição, alguns optam em dar cabo da sua atual existência, apoiados nas ideias materialistas altamente perniciosas, na incredulidade na vida futura, ou até mesmo em uma pequena dúvida em relação a imortalidade da alma.
O Espiritismo em seus postulados apresenta uma proposta positiva de valorização da vida, e de forma efetiva, traz relatos pessoais dos irmãos que cometeram o autoextermínio consciente, e que através da mediunidade, nos alertam: “O SUICÍDIO, NÃO É UMA SOLUÇÃO!”, pois essa ação não resolve nenhum problema. O nada não existe e a vida e seus desafios continuam, com esse gesto criamos novas dificuldades dolorosas para nós mesmos. Se o desejo do suicídio foi encontrar aqueles que nos eram caros aos corações, mais distantes deles nos encontraremos.
Portanto, quando as dificuldades nos afligirem, busquemos o tratamento médico especializado, as terapias psicológicas e psiquiátricas adequadas, busquemos o amparo e o acolhimento familiar, a religião. Recorrer a fé e a esperança na Providência Divina; orar, são muito importantes. Ninguém está sozinho. Estudemos e vivenciemos os princípios libertadores do Evangelho de Jesus e da Doutrina Espírita, que concluiremos que viver bem, superando nossas dificuldades e limites, agindo em favor de nós mesmos e dos outros, nos melhorando a cada passo, é a solução, o caminho para a felicidade.
E sobre aqueles que partiram para o mundo dos Espíritos pela porta do suicídio, não julguemos, tenhamos o mais profundo respeito pelo ser humano. Oremos por cada um, rogando a Misericórdia Divina que a ninguém desampara, que possam ser acolhidos, aliviando os seus sofrimentos, bem como de seus familiares que aqui ficaram. Que possam ampliar a compreensão da vida, da imortalidade da alma, da moral cristã e acima de tudo ter a esperança da oportunidade da reparação e da reconstrução. E que recuperados dessa experiência, possam se unir as fileiras do amor pela valorização da vida.

Ladimir Freitas

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Choque Anímico

A palavra anímico vem de alma e, no espiritismo, temos o termo choque anímico para se referir ao contato entre os perispíritos (corpos espirituais) de um desencarnado perturbado e o de um médium, que está sereno, em prece e que procura transmitir um choque de boas vibrações ao Espírito desorientado, auxiliando-o em seu reequilíbrio. Grosso modo, a situação se assemelha a quando abraçamos com amor uma pessoa que se encontra desequilibrada e lhe transmitimos carinho e paz.
Por que o choque anímico é importante? Porque quando um Espírito é conduzido à reunião mediúnica, nem sempre ele está em condições de receber esclarecimento e consolo. Há situações em que sua desarmonia é tão grande que a doutrinação ou o diálogo são, praticamente, ineficazes. Por outro lado, os esclarecimentos e as explicações necessárias aos desencarnados, em condições razoáveis de entendimento sobre sua atual condição no Além, podem ser fornecidas no plano espiritual, sem a necessidade de comparecer a uma reunião mediúnica ou de contar com a colaboração de médiuns.
Aliás, esse foi o motivo dos questionamentos de André Luiz: “Por que motivo se reuniam ali [na casa de dona Isabel] tantos desencarnados? Já que recebiam assistência espiritual, não poderiam congregar-se em lugares igualmente espirituais?” [1]
O mentor Aniceto, com sua proverbial sabedoria, explicou: “De fato, André, a maioria dos desencarnados recebe esclarecimentos justos em nossa esfera de ação. Você mesmo, nos primórdios da nova experiência espiritual, não foi conduzido ao ambiente de nossos amigos corporificados para o necessário encaminhamento. Grande número de criaturas, porém, na passagem para cá, sentem-se possuídas de “doentia saudade do agrupamento”, como acontece, noutro plano de evolução, aos animais, quando sentem a mortal “saudade do rebanho”. Para fortalecer as possibilidades de adaptação dos desencarnados dessa ordem ao novo “habitat”, o serviço de socorro é mais eficiente, ao contato das forças magnéticas dos irmãos que ainda se encontram envolvidos nos círculos carnais. Esta sala, em momentos como este, funciona como grande incubadora de energias psíquicas, para os serviços de aclimação de certas organizações espirituais à vida nova. (…) Os irmãos, nas condições a que me refiro, ouvem-nos a voz, consolam-se com o nosso auxílio, mas o calor humano está cheio dum magnetismo de teor mais significativo para eles. Com semelhante contato, experimentam o despertar de forças novas. Por isso, o trabalho de cooperação, em templos desta espécie, oferece proporções que você, por agora, não conseguiria imaginar. Não observou os preguiçosos, os dorminhocos e invigilantes que vieram colher benefícios nesta casa? Pois eles também deram alguma coisa de si. Deram calor magnético, irradiações vitais proveitosas aos benfeitores deste santuário doméstico, que manipulam os elementos dessa natureza, distribuindo-os em valiosas combinações fluídicas às entidades combalidas e inadaptadas.” [1]
É muito comum a existência de Espíritos sofredores que chegam às nossas reuniões como se estivessem muito doentes, extremamente debilitados. Alguns apresentam dificuldades para falar e até mesmo para perceber o ambiente em que se encontram. No entanto, aos poucos e por meio do contato com o perispírito do médium e das energias emanadas pelos participantes da reunião, o Espírito começa a se sentir mais animado, desfruta novamente de seus sentidos e, enfim, experimenta a surpresa de estar vivo sem o corpo físico, embora muitos ainda nem saibam disso.
Interessante notar como esses recintos se transformam em grandes câmaras acumulativas de energias psíquicas, um magnetismo próprio dos encarnados que é capaz de proporcionar alívio aos desencarnados. Curioso que até mesmo aquelas pessoas que participam da reunião mediúnica que estão como os pensamentos longe dali ou que caem no sono acabam beneficiando nossos irmãos infelizes, uma vez que lhes cedem suas energias magnéticas, as quais são trabalhadas pelos mentores e se transformam em indispensável lenitivo.
É como diz Aniceto: “Tudo tem algum proveito, André. Nosso Pai nada cria em vão.” [1]

Valdir Pedrosa

[1] Os Mensageiros – Pelo Espírito André Luiz, psicografado por
Francisco Cândido Xavier – capítulo 48 (Pavor da morte).

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Entrelaçados na Feig

Recentemente, um amigo conquistado na Feig comentou estar naquele exato dia, completando 35 anos de chegada na casa. Um misto de saudosismo e gratidão foi expressado por ele. Relembrou que chegou com uma vizinha que não permaneceu; e o quanto tudo o que encontrou no local em termos de atividades, pessoas e atendimentos foi decisivo para a construção de hábitos e para as escolhas feitas a partir daquele momento, e como tudo isso se reflete na vida que tem hoje. Se fizéssemos um levantamento, muitos seriam os casos como o dele, que se entrelaçam com outras chegadas, permanências, partidas e com tudo o que é realizado no dia a dia da Fraternidade Espírita Irmão Glacus e da Fundação Espírita Irmão Glacus.
Ao pensar em trajetórias e entrelaçamentos relacionados à Feig, veio à memória uma atividade realizada em 2015, na qual as 11 diretorias e as duas assessorias que na época compunham a sua estrutura administrativa, foram convidadas a apresentar, em linhas gerais, as atividades realizadas com foco nas interações que estabeleciam e das quais dependiam para a realização das suas atribuições, sempre pensando nos públicos destinatários. O objetivo foi proporcionar, além de informações de forma sistematizada e pública, uma reflexão sobre as interações das tarefas e das diretorias. Também serviu para a percepção do quanto uma tarefa, por mais independente e autônoma que pareça, afeta e é afetada por tantas outras e, sobretudo, o quanto isso impacta nas pessoas que chegam ou que já estão na casa.
Nos registros daquela atividade há indicativos de que foram muitos os tarefeiros que tiveram acesso a um mundo de novas informações e puderam assim conhecer e entender mais e melhor sobre as interações entre atendimentos e realizações; identificar possibilidades de aprimorar e enriquecer a sua atuação nas tarefas que desempenham, e, assim, impactar positivamente nas pessoas às quais as atividades se destinam.
E o que isso tem a ver com o encontro com aquele amigo? Foi a inspiração para a proposta de reflexão desta coluna que, não por acaso, se chama Construindo o Futuro e que aproveitamos para compartilhar: Como têm sido as interações da tarefa que realizamos na Feig? Conhecemos e consideramos os pontos de interseção daquilo que realizamos com tantas outras realizações da casa? Como frequentadores, como podemos auxiliar? E, especialmente, como tem sido a repercussão do que ajudamos a realizar naqueles que procuram a Feig?
Hoje, vivemos um cenário de retomada. As atividades presenciais da Fraternidade e da Fundação estão retornando gradualmente, depois de tantos meses interrompidas. Algumas dessas atividades estão precisando ser revistas, devido a mudanças que ainda estão sendo sentidas, apreendidas e aprendidas. Novos contextos vêm se apresentando, e afirmamos que, igual ou até mais do que naquele encontro de 2015, é preciso conhecer a Feig para aprimorar o entendimento e a identificação dos pontos em comum entre as atividades realizadas, fortalecendo a repercussão que geram.
Buscando uma representação visual para esse entrelaçamento em 2015, a cada apresentação das atividades prestadas e das interações entre as tarefas, foi sendo tecido com lãs coloridas o percurso de cada uma das diretorias e assessorias, tornando explícitos os pontos de entrelaçamento. A imagem ao lado ilustra esse texto: em cada extremidade, uma diretoria ou assessoria, e, de acordo com as ações, as cores das lãs foram indicando os pontos de interação, seguindo o formato do triângulo da marca da Feig, trazendo uma pequena mostra do quanto essas interações fazem o trabalho acontecer.
Atuar na Feig, na realidade, é como ser um desses pontos de encontro das várias lãs, tecendo uma rede colaborativa, em que as ações das pessoas, organizadas em diretorias, departamentos e núcleos de tarefa, se entrelaçam em seus percursos, e daí a necessidade de buscarem cada vez mais a convergência de ações, a união de recursos – pessoais, materiais e espirituais – para avançar na materialização da missão institucional, que é “Praticar a caridade à luz da Doutrina Espírita, contribuindo para a transformação do Ser Humano”, tendo como horizonte a visão de futuro de “ser reconhecida pela qualidade do acolhimento e excelência na gestão”.
E, citando alguns trechos de Emmanuel, na mensagem “Em equipe espírita” [1]: “(…) Cada um de nós, na equipe de ação espírita, é peça importante nos mecanismos do bem”, e ainda: “(…) Jesus nos trouxe à edificação do Reino de Deus, valorizando o princípio da interdependência e a lei da cooperação”, é possível fortalecer a ideia do quanto podemos avançar nas interações que vêm fazendo a Feig acontecer há quase 46 anos, impactando mais e mais em trajetórias das pessoas que procuram a casa, como felizmente aconteceu com aquele amigo, citado no início deste texto.

Miriam d´Avila Nunes

[1] Segue-me, Francisco Cândido Xavier, ditado Pelo Espírito Emmanuel

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Livre-arbítrio

Todos os dias podemos construir nosso futuro. Não há azar ou sorte, não há predestinação, não há destino. Essa é a realidade que os ensinos doutrinários espíritas apresentam [1]. O Espírito por natureza, mediante o seu pensamento e ações, tem o direito de fazer tudo o quanto achar conveniente ou indispensável à conservação e o desenvolvimento de sua vida. Essa liberdade especial que o indivíduo detém está estabelecida nas leis de Deus, que concede ao ser inteligente pensar e agir conforme o seu próprio discernimento, assumindo, por consequência, completa responsabilidade decorrente de suas escolhas. A essa faculdade concedida denominamos livre-arbítrio.
Cabe ressaltar a distinção do que é obra da vontade de Deus e do que é da vontade do homem. Somos livres para plantar, contudo somos obrigados a colher esse plantio [2]. Pela aquisição de conhecimentos que o Espírito adquire através das experiências, das vivências e convivências acumuladas ao longo de sucessivas reencarnações, nós decidimos quais serão os nossos valores ideológicos, éticos, culturais, religiosos e afetivos, de acordo com nossa coerência interna e nosso grau evolutivo. E todos esses fatores são capazes de condicionar e cercear a nossa liberdade.
É necessário maturidade para entender que essa liberdade perpassa por um conjunto de leis, e uma delas é a evolução, um fundamento da vida. Torna-se importante que o Espírito tenha consciência de que somos em síntese a causa e o efeito de nossas atitudes. Afinal, um minuto mal aproveitado pode induzir-nos a perder um século [3]. Allan Kardec esclarece que as decisões equivocadas, na realidade, muitas vezes, são tomadas por um espírito ignorante em que a razão não teve tempo de amadurecer. Que se o conhecimento das leis divinas ou naturais que lhe são externas se tornasse interno e consciente, ele evitaria esses erros [4].
Cada um de nós tem efetuado essa evolução da sua maneira e ritmo próprio, fazendo com que o resultado de comportamentos adotados no decorrer de nossa trajetória definam o que somos na atualidade. No entanto, apenas quando introjetarmos as leis divinas como normas de conduta, conseguiremos atingir um ponto moral em que o homem possuirá e governará a si mesmo. O espiritismo é uma doutrina essencialmente educativa, cabe a ela a missão de transformar o caráter e, por consequência, as tendências inferiores que ainda influenciam o homem na prática do mal. Compete a cada um de nós aproveitar as oportunidades para ampliar nosso entendimento acerca das leis que regem o universo.

Thiago Henrique Campos

[1] KARDEC, Allan, O Livro dos Espíritos. 120 ed., Rio de Janeiro:
FEB, 2002, Cap. X (Lei de liberdade) Q. 851
[2] BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Almeida. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999, Gálatas 6:7
[3] ANDRE LUIZ (Espírito), [psicografado] Francisco Candido Xavier. Missionários da luz, 3.ed., Brasília: FEB, 2018, cap, 8 (Nos
planos dos sonhos).
[4] KARDEC, Allan, O Livro dos Espíritos. 120 ed., Rio de Janeiro:
FEB, 2002, Cap. X (Lei de liberdade) Q. 872

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A importância das metamorfoses

No livro “Autodescobrimento, uma busca interior”, psicografado por Divaldo Franco, Joanna de Ângelis fala das consequências decorrentes da persistência no processo da reforma íntima. Na página 36, diz a mentora: “A cuidadosa autoanálise, sem caráter exigente nem condenatório, abrirá possibilidades inúmeras para o equilíbrio e ajudará a desenvolver a tolerância em relação aos outros, produzindo harmonia interior. Surgem, então, os desejos de recuperação pelo trabalho e bem orientada canalização das energias, que se transformam em dínamos geradores de força, que propiciam saúde, bem-estar e harmonia”.
Sim! Persistir no autoconhecimento é preciso! Recomeçar sempre é necessário! Aos poucos um precioso jardim é erguido no interior de todo aquele que escolhe o amor como resposta. Cantinhos sagrados e divinos dos jardins interiores! Ó, reino dos céus! Tal como um jardim, é a vida! Plantas podem até vir a morrer, muitas vezes não por falta ou excesso de cuidados, mas pelas condições climáticas do local onde estão abrigadas. Mas humilde é aquele capaz de reconhecer que somente Deus tem o controle de tudo, e é nessa verdade maior onde ele encontra a paz. Através do trabalho na seara bendita do Cristo, as energias são renovadas e o indivíduo apreende novas lições, e principalmente pratica novas lições, principalmente praticando o conhecimento que possui. Galgando novas caminhadas, excelentes oportunidades se revelam ao longo de novas caminhadas rumo à transcendência da alma. E novas flores desabrocham. A vida está sempre mutando, e ela é uma grande extensão de nosso pequeno jardim interior.
Metamorfoses nos impulsionam para a frente, e tudo está sempre a se renovar nos jardins preciosos dessa completude: a vida. Nela, ora perdemos, ora ganhamos, aprendendo valiosas lições para a glória dos céus. Quando, independente da idade que se tem, adiciona-se alegria de viver à existência pessoal, ousando novos caminhos, novas formas de apreender, novas descobertas, desafios e superações, fortalece-se o próprio interior na direção de uma humildade santa, que é a “base de concreto” de qualquer reino dos céus, após a consolidação de um processo de iluminação. É preciso respeitar o caráter metamórfico da vida, seguindo adiante na fé que move montanhas, e nos concede a certeza de que “isso também passará”. Tudo passa, tudo muda, e só o bem permanece.

Denise Castelo Nogueira

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Obediência e Resignação

“A obediência é o consentimento da razão; a resignação é o consentimento do coração”. [1]

Razão, em sentido geral, é a faculdade de entendimento, raciocínio e ponderação, capacidade própria do ser humano em oposição à emoção. Assim, na análise das coisas e situações que nos rodeiam, usamos dessa capacidade para efetuarmos nossas escolhas. Com isto, não dizemos que nossas escolhas não sejam carregadas de emoção, mas sim que não deixamos que essa última tenha grande parte nas nossas decisões.

Por exemplo, se escolho ser pai ou ser mãe, constituir uma família, posso fazer essa escolha racionalmente, considerando quais criaturas possibilitarão, não só a mim ou a eles, a condição necessária para nossa evolução e desenvolvimento, por meio de novas atitudes uns perante os outros, tais como: generosidade, fraternidade, caridade, trabalho, etc, desenvolvendo assim as nossas emoções.

Se faço por outro lado, uma escolha tomada apenas pela emoção, corro o risco de ferir a mim e aos outros no meu entorno. Tomando por base o exemplo anterior, se penso na minha família apenas como degrau para o meu próprio engrandecimento e nada mais importa, tudo o que for a meu favor farei acontecer sem levar em consideração o que poderá gerar de prejuízo para os que me cercam. Agirei sem pensar nas consequências. Pois em um dia estaremos alegres, com ótimo humor e no momento seguinte estaremos enfurecidos, contrariados, dado que a vida não é estabelecida a nosso bel prazer, mas sim que tem movimento próprio. Ou seja, as coisas acontecem independente da nossa vontade, sendo partícipes nas ações, e precisamos aprender a controlar as reações. E quanto mais soubermos usar a razão e a emoção com equilíbrio, maiores chances teremos de acertar pela compreensão e pela aceitação do coração.

Nos tempos atuais percebemos a grande atividade intelectual, que gera novos “confortos” para a vida em sociedade, mas que também favorece ou melhor, explicita a indiferença moral que assola a vida em comunidade. Nossa geração padece desse vício – indiferença moral- que se contrapõe a lei de amor. Indiferença pelo bem-estar do próximo, pelo que sente, pelos seus sonhos, pelas suas paixões, etc, enquanto que, nosso Mestre Jesus nos dizia para perdoar setenta vezes sete vezes [2], entregar a túnica [3], andar duas milhas [4], ou seja, existem outras pessoas no mundo que precisam de nosso olhar carinhoso, sem malícia ou julgamento. Fazermos ao outro o que gostaríamos que nos fizessem [5]. De forma que, colocando em prática tudo aquilo que já aprendemos e utilizando da nossa razão para escolhermos, seja possível colocar em prática o nosso melhor nas tarefas e nos trabalhos que nos foram confiados pela misericórdia divina.De forma que, santificaremos o nosso dia, possibilitaremos a Deus que Ele nos ampare, pois Ele “não te apagou a chama da fé e nem te retirou a oportunidade de continuar trabalhando” [6]. Eis o consentimento da razão, pois “todo aquele que me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” [7].

Assim devemos continuar trabalhando, em nosso favor e do próximo, para andarmos na luz.

Mas, como trabalhar nesses dias tão difíceis que nos são apresentados? Parece que falta compreensão, liberdade, dinheiro, trabalho, profissão, etc. E isso ocorre na família, na sociedade, na escola, enfim, nos variados espaços que nos movimentamos. Parece ser impossível seguir em frente, com fé. A dúvida surge e coloca em “xeque” nossa aceitação do quanto devemos ser obedientes e resignados perante as situações, em contraponto a nossa rebeldia em seguir a programação espiritual. Eis o consentimento do coração: o trabalho é essencial para o avanço intelectual e moral dos espíritos encarnados, e a obediência a que nos compete fazer o bem tem o nome de obrigação cumprida no dicionário da realidade. Quem executa com alegria as tarefas consideradas menores, espontaneamente se promove as tarefas consideradas maiores.

Honremos os trabalhos com o melhor de nós pelo consentimento da razão e do coração.

“Quando o trabalhador converte o trabalho em alegria, o trabalho se transforma na alegria do trabalhador”. [8]

João Jacques Freitas Gonçalves

[1] Capítulo IX – ESE – Bem aventurados os que são brandos e
pacíficos.
[2] Mateus 18: 21-22
[3] Mateus 5:40
[4] Mateus 5:41
[5] Mateus 7:12
[6] Livro de Respostas, Emmanuel, capítulo 14
[7] João 8:12
[8] Livro Sinal Verde, capitulo Dever e Trabalho, espírito André Luiz.

Em busca da fé

Durante o período de mudanças previstas para a Humanidade, como este que estamos vivendo, é comum sermos atingidos pelas ondas da agitação social e pelas ações vindas da ignorância, cujo objetivo é a disseminação de revoltas, de intolerâncias, de mágoas, de incertezas, de inseguranças e outros. Essas são as tempestades da atualidade, que se assemelham simbolicamente àquela que assolou os discípulos na travessia de barco, com Jesus, sobre o Mar da Galileia (Lc 8, 22-25). Mas os nossos amigos espirituais nos esclarecem que essas resistências à evolução são causadas por espíritos que carecem ainda de conhecimento de valores morais mais elevados, e que até eles são convidados a entrar no barco com Jesus.
Emmanuel¹ ressalta que os verdadeiros discípulos precisam estar prontos, aguardando oportunidades de lutas maiores, a fim de que os ensinamentos do Cristo sejam colocados em prática. Isto porque, em nossas vidas, temos um momento exato para cada situação: trabalho e descanso, plantio e colheita, e a hora de expressarmos a nossa confiança em Deus. Ele também nos diz que somente na tormenta é que podemos avaliar os nossos verdadeiros valores morais.
Em meio à tempestade, Jesus permanece dormindo, ensinando aos discípulos não uma postura de invigilância e descuido, mas a importância de se ter fé em Deus, que sempre nos protege das dificuldades da vida. A falta de fé faz com que nos sintamos perdidos e abandonados. No entanto, para muitos de nós, são nessas situações de aparente desamparo que há uma busca mais intensa por uma reconexão com o mais elevado.
Segundo a Doutrina Espírita², a fé sincera e verdadeira é calma e nos conduz à paciência, porque ela se apoia na inteligência e na compreensão das coisas. Por isso a importância da instrução e do estudo constantes, pois, pelo conhecimento, teremos a certeza de que um dia chegaremos ao nosso objetivo evolutivo. Quando nossa fé é vacilante, nossa reação se torna agressiva perante as dificuldades, uma vez que, ao reconhecermos as nossas fraquezas, acreditamos que com violência poderemos suprir as nossas fragilidades. É através da fé que tiramos a força necessária para transpormos qualquer tipo de obstáculo.
Diante das dificuldades, Emmanuel relata que é muito comum recorremos ao Mestre Jesus. E Ele vem, sim, nos socorrer. Contudo, após a tempestade acalmada, Ele sempre vai nos perguntar “Onde está a vossa fé?”.

Julio Cézar Balarini

 ¹ EMMANUEL (Espírito), Caminho, Verdade e Vida, [psicografado por] Francisco Cândido Xavier, 1. ed., Brasília: FEB, 2018,
cap. 40 (Tempo de Confiança).
² KARDEC, Allan, O Evangelho Segundo o Espiritismo, 120
ed., Rio de Janeiro: FEB, 2002, cap. XIX (A Fé Transporta
Montanhas).

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