Ore, estude, trabalhe e confie
O mundo nos confunde. Isso é fato. Mas o mundo é um termo muito subjetivo. Podemos dizer que a mídia nos confunde. No entanto, não resolve muito, não é mesmo? Quem sabe as pessoas? Sim. As pessoas nos confundem! Melhorou um pouco. Mas… Que pessoas? Onde elas estão? As pessoas com quem convivemos, ora. Opa! E com quem mais convivemos? Com nós mesmos! Agora sim. Quando não sabemos ou conhecemos algo, ficamos vulneráveis à confusão.
Quando se trata de intercâmbio mediúnico, a situação é semelhante. Sem conhecimento e impressionados pela sua natureza transcendente, estamos sujeitos a corromper a sua real finalidade, que é o serviço ininterrupto no bem. Daí a frequente confusão entre a mediunidade evangelizadora e a mediunidade espetacular. A mediunidade espetacular atrai porque atende a algumas necessidades de natureza inferior, tais como a vaidade, o orgulho e a competição. Sou o melhor médium? É preciso ficar alerta para inibir e evangelizar esses impulsos toda vez que decidimos avaliar o nosso estágio de desenvolvimento tendo como parâmetro o que julgamos ser o grau de desenvolvimento do outro. E isso pode ser aplicado em qualquer área de nossas vidas. Quem assim se comporta declara, mais uma vez, um desconhecimento sobre si mesmo(a) e, claro, sobre o outro. A nossa referência deve necessariamente ser nós mesmos. O simples hábito da autoanálise promove uma liberdade de consciência e um alívio derivado da retirada da pressão que nos submetemos a todo instante, ao considerar excessivamente o julgamento de tantos que procuram comandar a nossa vida.
A mediunidade evangelizadora é autoaplicativa. É parte integrante do grande e sublime projeto de reforma íntima. Todos somos médiuns! Assim aprendemos na Doutrina Espírita. Portanto, não importa se a mediunidade é ostensiva. Seja como for, é por meio dela que estabelecemos um intercâmbio com os espíritos com vistas ao aprendizado e ao crescimento espiritual. É evidente que, para se alcançar este estágio, será necessário algo mais que conhecimento. Destaco a humildade e a vontade.
A humildade permitirá que eu reconheça a minha necessidade e me identifique com tantas almas e espíritos com suas respectivas necessidades. Você já reparou que somos predispostos a perceber o sofrimento do outro em nossos momentos de dor? Por isso, sem nos deixarmos imobilizar, é muito importante mantermos em mente a ideia da evolução a todo instante. Desta forma, a humildade aliada ao perdão fará maravilhas em nosso favor. A força de vontade é outro recurso fundamental para que concebamos a mediunidade como recurso de amor. Quando julgamos que a meta a alcançar está muito distante, tendemos a desanimar e nos imobilizar. Por efeito, o planejamento em longo prazo não se inicia e a desejada reforma íntima fica comprometida. Emmanuel resume tudo isso destacando que mediunidade “é, acima de tudo, caminho de árduo trabalho em que o espírito, chamado a servi-la, precisa consagrar o melhor das próprias forças para colaborar no desenvolvimento do bem.”[1]
Você se considera um espírito chamado a servir a mediunidade? Você de fato acredita nisso e vive esta certeza? Em caso de resposta afirmativa, ore, estude, trabalhe no bem e confie. Agindo assim você atrairá os bons espíritos, que serão valiosas companhias nos momentos de experimentação. Lembre-se que diariamente sua alma se emancipa e você vive sua mediunidade com maravilhosas perspectivas de serviço ininterrupto no bem. “Essa é a única senda de acesso à vida mais alta, através da qual, auxiliando sem a preocupação de ser auxiliado, servindo sem exigência e distribuindo, sem retribuição, os talentos que recebe, poderá o medianeiro honrar efetivamente a mediunidade, por ela espalhando os frutos de Paz e Amor que lhe repontam da vida, em marcha gradativa para a Grande Luz.” {1} Palavras de Emmanuel.
[1] Mediunidade e sintonia: Cap.5 “Mediunidade”, Francisco Cândido Xavier. Pelo espírito de Emmanuel.
Vinícius Trindade